segunda-feira, 1 de junho de 2009

Fabio Gambiagi

Em momento algum desta entrevista o economista Fábio Giambiagi, um dos mais lúcidos analistas da política macroeconômica brasileira, tocou no tema das eleições para a Presidência da República, cujo primeiro turno está marcado para 1o de outubro. Mas sua avaliação sobre o papel - único - do Estado como líder da retomada de um crescimento econômico forte e sustentável não deixa margem a dúvidas quanto à importância dos resultados do pleito. "Só o Poder Executivo pode liderar as reformas", afirma Giambiagi. Em estudos, artigos e livros, esse economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) tem enfatizado a urgência de mudar as regras previdenciárias para evitar o risco de que o INSS - cujos dispêndios evoluíram de 2,5% do PIB, em 1989, para cerca de 8% do PIB, neste ano, "certamente o crescimento mais rápido do mundo" - se aproxime da falência, nas próximas décadas. Mas a Previdência Social, enfatiza, é apenas um dos problemas graves a enfrentar. Pois caberá ao governo, qualquer que seja - com o aval da sociedade - induzir o País a um ritmo mais rápido de crescimento, com base na redução das despesas públicas, da carga tributária e dos juros reais. Esta é a melhor opção à tentativa de manter o equilíbrio atual, sustentado por tributos crescentes. Giambiagi é, essencialmente, um otimista - como fica demonstrado no livro Rompendo o Marasmo - A Retomada do Desenvolvimento no Brasil, escrito em parceria com Armando Castelar Pinheiro, outro especialista no Estado e defensor da urgência de reduzir os custos de transação. Para que o otimismo seja conseqüente, a saída é reformar o Estado, para atrair investimentos e competir com os demais países em desenvolvimento em condições de igualdade fiscal e regulatória. Nesse processo, o mercado de capitais poderá ter um papel de destaque, pois, com a previsível queda dos juros dos títulos de renda fixa públicos e privados - e, ademais, com a diminuição da dívida pública como proporção do PIB, conseqüência da menor avidez do Estado pelos recursos disponíveis -, os aplicadores admitirão correr mais riscos e olhar com interesse para o mercado de ações. Nesta entrevista à Revista Bovespa, feita dia 3 de julho, Giambiagi observou que, em 2007, o governo federal terá de adotar uma política de contenção fiscal, depois do aumento de despesas, principalmente com a folha de pagamento e o salário mínimo. O novo governo terá algum espaço, "no período de lua-de-mel do eleito com seus eleitores".